O «Quebra-Gessos»

Pois, foi assim que fiquei conhecido no hospital...

O gesso foi posto num dia e menos de 24h depois já estava rachado à frente, mais ou menos na zona do umbigo.
Tive que ir à sala de gessos reforçá-lo (mais uma seca depois de uma noite mal dormida para a mamã, porque eu dormi a noite toda apesar da bebé que estava internada no mesmo quarto ter chorado a noite toda...).
Encontrei lá o médico por acaso. Disse que depois de ter visto a minha perna sem o gesso notou que estava muito melhor do que pensou que estivesse através da radiografia.
Quando a mamã lhe perguntou se aquele gesso tinha que durar 1 mês uma vez que está relativamente fino à volta da cintura, ele disse que «tem mesmo que durar». A mamã respondeu-lhe logo que se fosse preciso me punha um bocado de cimento em cima para durar tanto.
Gesso reforçado, tivemos que esperar: que secasse e que eu não o partisse de novo!
Secou quase todo por volta das 19h, altura em que puseram celona (é autocolante e não cola no gesso húmido). Uma especie de tecido fofinho a toda a volta para não me magoar nas extremidades. Mas acabámos por chegar a casa com o gesso rachado no mesmo sítio e ainda com uma rachadela de bónus atrás.
Porquê? Porque eu não parei de fazer o movimento de translação em volta do centro da cama e de rotação (em volta de mim mesmo) por mais que a mamã ralhasse comigo.
Os avós só chegaram perto da hora do almoço, altura em que a mamã conseguiu finalmente tomar o pequeno almoço.
Durante a tarde tivemos só à espera que o meu gesso secasse... Entusiamante, não?
A enfermeira disse que antes das 19h não estávamos despachados.

Muito devagarinho lá foi chegando a hora do jantar ser servido... E depois do jantar comecei logo a perguntar pela «enfemeia» que devia ter ido jantar também.
Algum tempo depois comecei com cólicas.
Não vos contei porque acho que é a isso que se chama «conversa de caca» mas tem sido MUITO difícil entrar num acordo com o meu intestino. Eu como não me posso sentar e exercitar a barriga e ele também entrou de férias.
Pela primeira vez na minha vida usei um Bebégel na sexta-feira passada porque já tinham passado 5 dias e a última vez que consegui fazer cocó saiu sangue.
Uma vez que o meu ortopedista não ligou muito ao assunto (dia 12) e que apesar do outro gesso já me estar a apertar o rabinho ele nem o queria mudar, a mamã falou com a obstetra dela (dia14) e ela receitou-lhe as ditas bisnagas.
Muito bem... Quando apareceu a enfermeira eu estava cheio de cólicas (que têm durado 90 minutos com muito suor e a querer dormir de exaustão a meio), a mamã explicou-lhe a situação e pediu-lhe uma binaga para despachar já ali a situação senão eu iria a contorcer-me no banco de trás do carro ao colo da mamã (o que resta do colinho dela) e da avó.
A enfermeira disse que só tinha a dose para adultos mas que podia dar só metade. Disse que era eu que não estava a fazer força suficiente, que eu não devia ter uma alimentação equilibrada à base de fibras (logo eu que como tudo) e perguntou se eu já tinha ido ao pediatra.
A mamã disse-lhe que isto é um problema que começou agora depois de eu pôr o gesso, que não é por falta de uma alimentação equilibrada, que o meu ortopedista não ligou nenhuma à situação e que ela grávida, iria levar-me ao colo até ao carro, deitar-me no banco de trás sózinho e ir ao pediatra assim que tivesse um intervalo entre ir ao hospital por estar a perder sangue, trabalhar e tratar de mim uma vez que o meu pai TEM MESMO que ir trabalhar (ainda por cima porque isto só se tornou num problema maior há 1 semana e meia e não lhe pareceu ter começado a resolver o problema tardiamente).
Enquanto esta conversa decorria a enfermeira ia tentando pôr a dita celona.
Depois da enfermeira dizer que compreendia a situação e que ia buscar a bisnaga (já estava eu aos gritos e a contorcer-me), desapareceu.
Esperámos, esperámos...
A mamã pôs-me no meu carrinho (a avó não podia e o avô tinha ido buscar o carro para a porta do hospital) e dirigimos-nos para o elevador (já tínhamos a alta desde o início da tarde).
Veio a enfermeira a correr e a perguntar se íamos embora sem dizer nada.
Estão a ver a mamã a ferver? Saltou-lhe a tampa!
Depois de lhe dizer que ela tinha desaparecido e que resolveria o problema em casa, pois estava farta de esperar por ela, ouviu um «sabe que eu tenho muitas coisas para fazer».
Bom, a mamã parecia uma locomotiva!
Entre *?&#"+<**=;# (mas sem asneiras) disse-lhe que estava grávida, cheínha de dores nas costas e zona do umbigo (ela nem conseguia respirar bem, sentada ou de pé), que NÃO tinha dormido de noite e nem conseguido descansar porque só tinha uma cadeira super desconfortável, que estava com contracções e que não estava ali à espera que ela acabasse de atender telefonemas em vez de tratar de uma criança que estava farta de chorar... Enfim... Não vale a pena dizer mais nada... Quando chegámos a casa a mamã e o papá (que tinha acabado de chegar) resolveram o assunto e eu fiquei muito mais aliviado apesar das cólicas que tive. Isto está muito difícil. E agora... mais um mês em casa (pelo menos). Desculpa lá mana mas as atenções agora estão (ainda) todas voltadas para mim... A mamã vai continuar a trabalhar, pois vai MESMO precisar de todos os dias de assistência à família (e atestado) para quando a licença de maternidade acabar. A mana só terá vaga num berçário em Setembro e não há mais ninguém para tomar conta dela. Desculpem a nossa ausência nos vossos cantinhos... Nota - O visitante 20.000 que se acuse!