segunda-feira, dezembro 22, 2008

Como aconteceu a convulsão (?)

Eu não queria falar mais nisto...
No entanto... iste blog é o nosso diário.
O tempo ajuda a esquecer... por isso resolvi registar tudo.
Perguntei à mamã, perguntei ao papá, perguntei à avó Clara e escrevi...
*****
A mana tinha tido alta do hospital perto das 14h depois de um internamento de 4 dias.
Cerca das 6h da manhã a Joaninha vomitou depois de se ter engasgado.
A mamã saltou da cama e pegou nela. Ela aproveitou o balanço e vomitou o berço, o chão e os cortinados das janelas.
A avó (tinha dormido cá) ficou com ela para que os papás pudessem pôr tudo para lavar.
Antes de recomeçarem a fazer a caminha de lavado a mamã veio dar-me o biberão.
Eu estava assustado e não lhe peguei avidamente como de costume.
«Tou assustado» - disse eu
A mamã pensando que eu ainda estava a sonhar disse: «sou eu filho, é a mamã...».
Como eu não respondia nem me acalmava a mamã resolveu abrir um pouco o estore.
O meu coração estava disparado e eu mantinha os braços dobrados para cima. A mamã reclinou-me para que eu a visse. Eu não focava, não olhava para ela.
A mamã destapou-me porque eu estava quente.
Reparou que eu tinha feito MUITO mais chichi do que aquele que a fralda podia aguentar. Mesmo nos dias em que isso acontece, o chichi nunca foi tanto...
Tirou-me as calças e ia tirar-me a fralda.
Eu não dizia nada de jeito... nem perceptível.
O papá veio.
A mamã colou-se atrás da minha cabeça e voltou a dizer:«olha para a mãe». Eu revirei os olhos. Não ouvi ela repetir isto vezes sem conta...
Talvez o papá me tenha tirado a fralda encharcada e a tenha ido pôr no lixo.
Talvez tivesse sido nesta altura que ele estava a enxuggar o chão da cozinha. Sim, a máquina de lavar a louça tinha disparado o quadro da electricidade na noite anterior e tinha enchido a cozinha de fumo.
A mamã chamou por ele duas vezes, a terceira vez já o chamou a chorar.
Eu não respondia, parecia ter a cara inchada, estava baralhado. A mamã entrou em pânico.
O papá pediu-lhe que se acalmasse e fosse buscar o termómetro (eu parecia quente mas estava tão tapado antes da mamã chegar... podia ser de estar a dormir), a avó entrou no quarto com a maninha ao colo. Acho que o estor já estava todo levantado agora. Havia já claridade lá fora.
A avó assustou-se muito. A Joana não chorou apesar das lágrimas dos adultos. Esteve sempre ao colo da avó.
Penso que o papá lhe disse para não se aproximar muito de mim com a mana, pois não sabiam o que eu tinha...
O termómetro não chegou a apitar porque eu estava branco e o papá levou-me ao colo para o WC.
A mamã foi telefonar para o Dói Dói Trim Trim.
O papá sentou-me ao colo dele, à beirinha da banheira, molhou-me a cara e as pernas nuas com água fria.
Desmaiei. Quanto tempo? Talvez uns 15-20 segundos, mas quem contou o tempo?
A mamã soluçava enquanto falava com a enfermeira ao telefone. No meio do pânico desligou o telefone. Voltou a telefonar e foi atendida por um enfermeiro.
«Aguarde enquanto transfiro a chamada» disse ele depois de ouvir toda a «história».
Pouco depois a mamã voltava a repetir tudo a quem estava na ambulância do INEM.
Pouco depois telefonaram da ambulância. Precisavam de indicações mais precisas da localização da casa. A mamã acenou da janela depois de dizer que já os tinha avistado.
(A avó disse que a ambulância demorou mais de 1h a chegar.)
Eu continuava meio tonto apesar de já ter aberto os olhos.
Estava já na minha cama e tentavam vestir-me outra camisola (aquela tinha ficado molhada) e umas calças.
«Deite-o de lado» - disseram ao telefone.
Sim, eu já estava deitado assim. Foi uma das coisas que a mamã nunca se esqueceu das aulas de socorrismo, embora agora fosse difícil lembrar-se de tudo...
Ela já não estava a chorar. Vinha aí ajuda.
O pai foi-se vestir enquanto ela me tentava manter acordado. Eu só queria dormir.
A avó falava comigo também. A mana, ao colo, observava tudo com atenção.
(A avó disse que o meu corpo esta muito rijo/teso).
A mamã foi-se vestir. O papá ficou comigo.
A mamã abriu a porta da rua.
Entraram duas mulheres.
A temperatura no termómetro, medida enquanto os papás se vestiam marcava 37, qualquer coisa. A primeira vez marcou 36, qualquer coisa.
«Esses termómetros não são de confiar. Não têm daqueles de mercúrio?» - perguntaram.
Nós não tínhamos e nem elas. Usaram um igual ao nosso.
Nada de febre.
Eu não tinha batido com a cabeça, nunca tinha tido nada semelhante, não tinha injerido medicamentos, etc. etc. - disseram os papás.
O papá levou-me ao colo para a ambulância. Fomos pelas escadas do prédio (1º andar).
A mamã levou-me ao colo. O papá seguiu-nos no carro.
Eu não reagia.
«Não o deixe dormir» - dizia a enfermeira que estava a copiar os dados da minha caderneta de saúde. A outra ia a conduzir.
«Filho, olha para a mamã, estás numa ambulância, já viste?»
«Tiago? Filho?»
Ela bem me abanava e fazia cavalinho mas nada...
De repente ela lembrou-se:
«Tiago, olha, a menina está aqui a escrever uma carta ao Pai Natal, diz lá o que queres, para ela poder escrever ali...»
Eu abri os olhos e disse:
«O CAMIÃO DO FAÍSCA (Mc Queen)!!!»
(Já mo compraram, foi a única coisa que me fez abrir os olhos, vai ser uma surpresa no dia de Natal!)
Chegámos. A mamã ia a sair da ambulância comigo ao colo quando o papá apareceu e me amparou no colo dele.
«É por aqui» - disse a enfermeira (?).
A mamã nem sabia onde estava.
Entrámos logo para a triagem.
A mamã e o papá voltaram a ver os enfermeiros que até há uns dias tinham tomado conta da Joaninha.
«Está cá outra vez?» - disse a enfermeira Cláudia.
Perguntas e mais perguntas, respostas e mais respostas... outra vez.
Teste de glicémia (com direito a picada no dedo, ah pois chorei!) alto, para quem tinha bebido um biberão às 22:30h da noite anterior.
A enfermeira detectou e asinalou (com caneta de acetato azul, ainda cá estão os círculos) umas petecas (pintas vermelhas devido ao esforço) no meu corpo.
Já tinham chamado um pediatra. Eu já estva deitado numa maca, fora da triagem. Um sítio menos confuso e com menos luz.
Iria tirar sangue pela primeira vez. Foram logo três tubos.
Do meu lado direito estavam 3 pessoas (mamã, papá e auxiliar - deitada sobre as minhas pernas) e do meu lado esquerdo 2 (a enfermeira Cláudia tirou o sangue e uma auxiliar apertou-me/agarrou-me a mão). Fartei-me de chorar!
«Tira a perna de cima de mim» - disse eu ao pai. Eu sabia lá que era uma auxiliar!
Fiquei a soro, com direito a pensos, etc.
O pediatra chegou e disse que eu tive mesmo uma convulsão.
Fez-me uma teste em que me endireitava as pernas e me levantava pelo pescoço.
Uma das pernas ficava arqueada (repetiu este movimento 3 vezes depois de me endireitar as pernas). Talvez tenha sido isso que o levou ao veredicto. Ainda vou descobrir. Deve ser algum teste neurológico...
Fiquei ali até me mandarem para o Serviço de Observação (corredor paralelo). Os resultados das análises ao sangue estariam prontos dali a 1:30h.
Vomitei três vezes naquela manhã. Só água, no fim a bílis.
Deixaram-me comer três bolachas ao almoço, um chá quente açucarado ao lanche, 2 bolachas passados 30 minutos, mais 3 bolachas passados mais 30 minutos, uma canja ao jantar.
Saí do hospital cerca de 12h depois (entrei às 8:20h e saí às 20:34h).
Receitaram-me umas cânulas (Stesolid 5mg). Terão que me pôr uma no rabinho (e apertar bem) se eu tiver uma convulsão de mais de 3 minutos. Parece que é muito importante contar o tempo.
O electroencefalograma foi pedido pelo meu pediatra.
Vai ser no dia 5 de Janeiro. Será feito com prova de sono.
Ele diz que é comum acontecerem estas reacções anómalas do organismo, sem razão aparente, entre os 6 meses e os 6 anos de vida.
No dia anterior ao exame vou deitar-me à 1h da manhã e levantar-me às 5h.
Às 9h tenho que estar a cerca de 50km de casa, no laboratório que fará este exame (lá fazem E.E.G. a crianças).
*****
Na minha caderneta de saúde está escrito:
«16/12/2008 - S.O. Pediatria
Internamento de 12h por suspeita de convulsão febril. Durante o internamento esteve bem.
Petequía puntica mas dispersa, estável e rara.
Hemograma normal e PCR negativo.
Tem alta pelo médico assistente com terapêutica sintomática.»
*****
E hoje já vamos os dois para o infantário... ou direi antes INFECTÁRIO?

23 comentários:

Nina disse...

Estou sem palavras, amiga. Demasiado comovida com este relato tão profundo.
Beijos, amiga

Daniela disse...

ai Claudia que horror, só de ler chorei e fiquei tão agoniada. imagino o que voçes passaram:(
um beijnho muito grande para todos

Ana Fundo disse...

Amiga, nem sei o que te dizer...
Um beijo grande :-(
E um Feliz Natal dentro das possibilidades....

Mae Princesa disse...

Fogo amiga, foi um grande susto, até eu fiquei completamente eu pânico!!!Beijocas E Feliz Natal!!!

Anónimo disse...

Ai claudia... meu deus, que sufoco... não consegui deixar de sentir as lagrimas nos olhos só de imaginar, que grande susto, espero que coração que o exame venha negativo e que não haja mais episódios

o tiago mesmo assim foi um grande menino, e vocês tb, conseguiram manter a calma acima de tudo

jocas

Mamã Coquinhas disse...

Puxa querida, que grande susto!! A F. sempre fez febrões enormes, mas graças a Deus nunca teve nenhuma convulsão nem nunca tivemos que utilizar essas cânulas que tb tinhamos sp lá em casa.
Respira fundo, como tu dizes o tempo apaga tudo.

Que o exame corra bem e que tudo não tenha mesmo passado de um susto enorme!!!!

Beijocas grandes

Olinda Dinis disse...

Uffa que grande susto :(
Beijinho para voces e as melhoras.

sotto le stelle disse...

Puxa...estou sem palavras...que susto!

Melhoras...

Um Santo e feliz Natal!

Beijinhos com carinho

Cristina disse...

Que cena!!! Convulsão febril mas sem febre? Vá, o pior já passou...

Cristina

Ana Guida disse...

que grande susto!! imagino o vosso sofrimento...mas o importante e k n tenha consequencias de maior e agr esta td bem!!

bjs*

me disse...

Que susto! Nem quero pensar!

Mas hoje venho deixar-vos os votos de um santo natal e que o ano 2009 seja menos atribulado e se possível muito mais feliz.

Beijinhos

Anónimo disse...

Passei por aqui para vos desejar um emorme FELIZ NATAL.
Bjinhos.Pedro

Anónimo disse...

ola,nem sei como vim aqui parar ,a palavra convulcao chamou-me a atencao porque passei pelo mesmo com o meu filho ha 16 anos atras e ainda me veem as lagrimas aos olhos quando me lembro...e lembro-me muitas vezes porque chegou um momento em que pensei que o tinha perdido...foi a noite mais horrivel da minha vida.gracas a Deus nao teve consequencias e nunca mais aconteceu mas sei que nunca mais vao esquecer mas o vosso bebe vai concerteza ficar bem.Foi so um susto...

Álefe Souza disse...

Aiii, ainda bem que já passou! Mas pelo relato foram minutos terríveis, angustiantes, que mãe e pai nenhum que amam seus filhotes mereciam passar! És forte pois eu acho q ficaria sem ação!! E o pior: quando eu fico nervosa eu rio!!

Affe!!

Bjs

Mãe Feliz disse...

Puxa, linda, tou para aqui farta de chorar, que horror o que vocês passaram... caramba, vão à bruxa!!! Tadinho do vosso menino... sabes a parte em que me descontrolei e chorei como se estivesse a viver essa situação? A do camião do Faísca... se não tivesses dito que já o tinhas comprado, mandava-te o do Diogo!! Parece que foi aquele fiozinho que nos liga à vida, bendito Faísca e Maq. Ai, querida, força!!!!
A minha Mónica teve um episódio desse género, mas nós não assistimos, foi no infantário, e foi uma coisa de segundos, nem sequer teve de ter assistência. Mas mesmo assim, aquele foi um dos piores dias da minha vida, só de imaginar o que pode acontecer... ela fez, a pedido do pediatra, ECG, Eco, Electroencefalograma... felizmente deu tudo normal... mas já deu para o susto, imagino vocês a verem e viverem isso tudo.
Muita força e que o Natal e o novo ano de 2009 vos traga muita, muita saúde e óptimas notícias: vai estar tudo bem com ele!! Acredita!!! Pensamento positivo!!!
Um grande beijinho!!

sil disse...

Um Feliz Natal para todos vocês!!!
Vocês merecem o melhor Natal, depois de tantos sustos...
Bjos
Sil

María disse...

Estou toda arrepiada...

Mas tudo vos acontece?

brrrr

Cláudia disse...

A educadora da Joaninha diz que se nota perfeitamente que ela está mais magra... Até as pernocas estão menos rechonchudas...
:(

bjs

Patricia disse...

deve ter sido um grande susto... nem quero imaginar a vossa aflição...

beijos

sonia disse...

So me apetece chorar!!Mas porquê??Porque é que os canininhos sofrem assim???

Beijinhos , coragem!!!

Tete disse...

Oi, choreiiiii, chorei..já me vi em situações parecidas é de ficar sem pinga de sangue é como quem nos corta a respiração mas por incrivel que pareça nós na altura temos coragem embora no meio de muito choro mas temos muita coragem o pior é depois ficamos de rastos sem forças e com os nervos á flor da pele!!
Os filhos são assim mesmo pregam-nos com cada susto!!!
Mas vai ficar tudo bem, foi só um susto mesmo!!
Beijokas e muitaaaaaaaa saúde para os nossos pequeninos
Tete

Unknown disse...

Olá, aconteceu o mesmo ao meu João com 13 meses. Sei a angústia e o terror que é. Também fez um electroencefalograma pedido pelo pediatra no Hospital de Santa Maria. É chato porque têm de adormecer com aquela parafernália na cabeça, mas graças a Deus não tinha nada. O teu menino também não vai ter. Beijinhos e boa sorte para 2009.

free browny disse...

ai linda... imagino o susto!! que filme de terror passaram vosses!! uns dias ausentes e leio esta angustia do tiago, o meu lindo tiaguinho!!
desqueira que sja mesmo passageiro!!
beijinhos doces

emocionas-te-me com as tuas palavras com a descrição destas longas 12h
bj's

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