sábado, julho 24, 2010

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4. Sentimento estético
Durante este período de vida surgem os sentimentos mais importantes: o estético e o religioso. O sentimento estético não costuma surgir antes dos 6 anos, porque a emoção estética também se produz tardiamente.
A emoção necessita de um órgão sensorial que capte a sensação do exterior onde é produzida e que seja em seguida convertida em percepção.
A criança de 1 ano, por exemplo, vê as cores embora não as distinga. Da mesma forma ocorre com os sons e com as formas; são sentidas e vistas, só as distinguindo depois de muito ouvi-las e vê-las.
Sem esta aprendizagem não é capaz de apreciar a harmonia, o ritmo das formas e das cores, a harmonia e o ritmo dos sons. E não poderá, portanto, sentir a emoção estética. Quando esta surge e se desenvolve com o exercício, produz-se o sentimento estético, que muitas vezes não alcança a sua plenitude a não ser na adolescência ou na juventude.
5. A sua ideia de Deus
A criança possui em potência a ideia de Deus, só pelo facto de possuir uma natureza humana, e pode chegar a possui-la actualmente, não por uma investigação própria, mas por influência do meio. A criança irá indagar, pergunta atrás de pergunta, até esgotar todas as possibilidades de causalismo. Para ela tudo tem a sua causa, toda a acção o seu porquê e não desiste de o saber ou de julgar que sabe. E o seu positivismo não se detém aqui. Toda a coisa tem a sua causa, além disso tem o seu fim, a sua utilidade. “Porquê”, “Para quê,” são questões postas a todas as horas do dia, acima de tudo.
Vai assim conseguindo chegar a alcançar a ideia de um autor de todas as coisas. A família e o colégio são aqueles a quem compete dar um sentido religioso às suas perguntas. Fazer-lhes ver Deus como criador de todas as coisas e como Pai. É essencial este sentimento de Filiação Divina como base de uma educação religiosa sólida e firme. Tanto os pais como os professores não devem esquecer que esta idade é importantíssima para lograr uma educação religiosa, e tal educação não consiste em ensinar, mas em procurar “transmitir” uma vida de piedade viva e sincera. O ensino de algumas práticas religiosas, puramente mecânicas, sem alma, servem de muito pouco ou de nada.
6. Vontade e carácter
Durante esta etapa, a criança mostra-nos, cada dia que passa, novas manifestações de carácter: nas suas reacções à nossa actuação ou à das outras crianças, podemos ver claramente que a sua inteligência e os seus sentimentos vão transformando a primitiva reacção, rápida, inconsciente, temperamental, numa reacção medida, consciente, com carácter. Percebemos que a criança tem uma maneira própria de sentir, de pensar, de querer. Podemos afirmar, desde já, que o núcleo central, aglutinante, do carácter é a vontade.
Que se entende por vontade? É a criança neste período quem o diz mais claramente. Quando deseja fazer uma coisa e hesita em fazê-la, e chega a pensar que não é capaz de a fazer e por fim vence-se a fazê-la, fica satisfeita. Isto é, quando passa de um sentimento de incapacidade a um de capacidade, exercita a vontade.
Na linguagem corrente seria conveniente saber distinguir o verbo querer do verbo desejar. Talvez para o querer seja necessário o desejo, como para este é necessário o impulso. Querer equivale a desejar uma coisa e a acreditar na possibilidade e conveniência de realizá-la. A criança, quando tem carácter, quase sempre sabe o que quer, o que tem que fazer; perante cada estimulo, perante cada nova situação determina-se de uma maneira segura, num sentido ou noutro. Não hesita. A hesitação é a negação do carácter ou, o que é o mesmo, o carácter é a energia pessoal que resolve a nossa dúvida. E se não duvida também não se precipita; entre o pensamento e a execução, entre o desejo e a consecução há um intervalo; neste intervalo insere-se o acto da vontade. A vontade não produz nem os desejos, nem os sentimentos, nem os pensamentos, nem sequer os impulsos. Não os produz mas selecciona-os, delimita-os, modera-os, estimula-os.
O que realmente estabelece uma diferença profunda entre a criança temperamental e a criança com carácter é que a primeira não sabe o que quer fazer e a segunda sim.
Em linhas gerais; há que ter em conta a falta de confiança em si mesmo e, por conseguinte, compreender que sente fortemente a necessidade de protecção e ajuda. Os pais devem estar vigilantes para não lhe dar feito aquilo que a criança pode fazer sozinha. A educadora deve insistir – sobretudo às mães – na importância que tem o deixar fazer, o ensinar a fazer, que aprendam fazendo, se bem que isso suponha um maior esforço, uma aparente perda de tempo e, o que é mais penoso para uma mãe, o não tornar-se imprescindível para o filho; guiá-los num clima de espontaneidade orientada.
Ter em conta também que as ordens que a criança recebe são obedecidas ou não, cumpridas ou não. Há crianças mais obedientes do que outras. Há aquelas que têm uma tendência quase irresistível a desobedecer. Seria um erro pensar que sempre que a criança obedece é boa e sempre que desobedece é má. Na obediência há um factor que não depende da criança, mas sim da forma como os pais a educam. Muitas coisas são obedecidas porque são bem ordenadas e outras esquecidas porque são inoportunas ou impertinentes. O hábito de desobedecer pode ser na verdade a revelação de uma personalidade patológica, embora, muitas vezes, seja a manifestação de que as ordens foram dadas sem contar com a iniludível liberdade da criança. Tem grande capacidade de adaptação o que a torna apta para a assimilação de hábitos de conduta.
7. Sociabilidade
Vai-se sentindo como elemento da família, um mais, já é “alguém”. Este momento é decisivo, porque se os pais a ignoram, pode custar-lhes caro a maior das ambições: ser alguém.
Pode dizer-se que a criança passa por um período de selecção profissional, na qual procura o modo de realizar um papel na vida, insinuando de uma maneira vaga ou imprecisa as possibilidades da sua futura actuação
Infelizmente, isto passa muitas vezes despercebido aos pais e até à própria criança, porque há nela uma característica que naquele momento se acentua e continuará a acentuar-se até à puberdade, ou seja, uma invencível vergonha de ser descoberta tal qual é. Actua como se a sua personalidade ocultasse os seus sentimentos, pensamentos e desejos, não com receio de que os considerem maus, mas antes por vergonha que os conheçam seja como forem. Vergonha na qual está implícita uma manifestação do sentimento de pudor. O seu espírito é precário, ainda não possui capacidade de auto-reflexão capaz de tornar consciente seu próprio eu independente. Tem colegas, mas não tem amigos. Às vezes mostra-se individualista, interessam-lhe os próprios êxitos, que conta aos outros esperando a sua estima. Normalmente, adapta-se facilmente e é extrovertido. A sua capacidade de adaptação torna-o apto para a assimilação de hábitos de conduta, que são fundamentais para se ir conseguindo uma maior educação da sua vontade.
Copiado daqui.
(Amanhã há mais.)

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